quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Os cães sonham?
Por Ayrton Mugnaini Jr, especial para o Yahoo! Brasil
“Cachorro sonha, eu vi.” Assim a grande escritora Clarice Lispector testemunhou e resumiu suas observações sobre Dilermando, o famoso cão que adotou quando morou na Itália e que inspirou seu famoso conto “O Crime do Professor de Matemática”, excelente libelo pela posse responsável em forma de bela literatura. Clarice gostava de assistir à “sonolência povoada de sonhos” de Dilermando, o que é um excelente – e, ainda por cima, bonito – ponto de partida para nosso tema de hoje.
Sim, os caninos também sonham, e demonstram isso se agitando, rosnando, latindo, mexendo as patas. Podem ter sonhos agitados, exatamente como nós, humanos, o que tem sido confirmado em muitos testes de laboratório, com elétrodos nos peludos dorminhocos e tudo o mais.
Sonhar faz bem
Manter a mente ativa é um dos maiores segredos para se ter vida longa e de qualidade, inclusive prevenindo problemas ligados à falta de memória como o mal de Alzheimer. Sonhar durante o sono é justamente uma forma que a natureza nos deu para manter a mente ativa até enquanto dormimos, mesmo que os sentidos fiquem “desligados”.
“Nos deu” inclui não somente nós, seres humanos, mas os mamíferos em geral, cujo hipocampo – parte do cérebro que cuida da memória – é construído da mesma forma em quase todos. Sonhar é particularmente útil para manter a saúde mental de cães, gatos, ratos e outros que não podem fazer palavras cruzadas e outros exercícios para exercitar a mente.
Como afirmamos, está mais que provado que outros mamíferos, além do ser humano, também sonham. Por exemplo, lembrei-me de um artigo que li na revista Realidade, por volta de 1970, segundo o qual um gatinho sofreu uma cirurgia no cérebro que o impediu de sonhar, e pouco tempo depois ele faleceu – não por coincidência; portanto, parafraseando Chico Buarque, deixe o felino sonhar em paz. E o canino também.
E com o quê os cães sonham? Ora, muito simples: com todas as experiências que eles vivem no dia a dia, seja comer, perseguir gatos ou correr com o dono pela grama.
Como os cães sonham
Além de os cães também sonharem, o sono deles é semelhante ao dos humanos. Eles também passam pelos três estágios de vigília, ciclos de onda lenta (SWS em inglês), ou seja, sono leve, e de movimento rápido dos olhos (o famoso REM), sendo este último estágio o de sono mais profundo e quando ocorrem os sonhos – é aí que o peludo começa a correr e se agitar. A diferença básica é que o ciclo de sonhos dos cães costuma ser mais rápido; eles têm REM aproximadamente a cada 25 minutos, em média, e os humanos a cada hora e meia.
Duas curiosidades reveladas pelos testes. Quanto maior o porte do peludo, menos ele sonha; por exemplo, segundo o psicólogo Stanley Coren (autor de livros como “How Dogs Think: Understanding the Canine Mind”), um cão pequeno sonha a cada dez minutos, e cada “filminho” não chega a um minuto, ao passo que mastifes e Dogues Alemães têm sonhos de cinco minutos a cada três quartos de hora. E filhotinhos e velhotinhos sonham mais que cães na idade intermediária.
E não se engane com as aparências: se o cão estiver “enrolado” sobre si mesmo como um caracol ou de barriga para cima, isso não significa que ele esteja dormindo pesado; pelo contrário, ele ainda está tenso (inclusive a barriga para cima indica que está muito calor e o peludo dorme assim por ser menos peludo na barriga), e só vai entrar na fase REM quando estiver totalmente relaxado.
Busca de tranquilidade é outro motivo pelo qual cães dormem encostadinhos em outros cães ou pessoas, a cuja “matilha” eles querem pertencer. Por falar em tranquilidade, há poucas coisas mais perigosas que acordar um cão no estágio REM do sono; dificilmente ele pensará duas vezes antes de atacar quem ousou interromper seu sonho. Não é preciso ser genial como Coren ou Lispector para perceber que cães sonham. E vale repetir Chico Buarque: deixe o canino sonhar em paz!
“Cachorro sonha, eu vi.” Assim a grande escritora Clarice Lispector testemunhou e resumiu suas observações sobre Dilermando, o famoso cão que adotou quando morou na Itália e que inspirou seu famoso conto “O Crime do Professor de Matemática”, excelente libelo pela posse responsável em forma de bela literatura. Clarice gostava de assistir à “sonolência povoada de sonhos” de Dilermando, o que é um excelente – e, ainda por cima, bonito – ponto de partida para nosso tema de hoje.
Sim, os caninos também sonham, e demonstram isso se agitando, rosnando, latindo, mexendo as patas. Podem ter sonhos agitados, exatamente como nós, humanos, o que tem sido confirmado em muitos testes de laboratório, com elétrodos nos peludos dorminhocos e tudo o mais.
Sonhar faz bem
Manter a mente ativa é um dos maiores segredos para se ter vida longa e de qualidade, inclusive prevenindo problemas ligados à falta de memória como o mal de Alzheimer. Sonhar durante o sono é justamente uma forma que a natureza nos deu para manter a mente ativa até enquanto dormimos, mesmo que os sentidos fiquem “desligados”.
“Nos deu” inclui não somente nós, seres humanos, mas os mamíferos em geral, cujo hipocampo – parte do cérebro que cuida da memória – é construído da mesma forma em quase todos. Sonhar é particularmente útil para manter a saúde mental de cães, gatos, ratos e outros que não podem fazer palavras cruzadas e outros exercícios para exercitar a mente.
Como afirmamos, está mais que provado que outros mamíferos, além do ser humano, também sonham. Por exemplo, lembrei-me de um artigo que li na revista Realidade, por volta de 1970, segundo o qual um gatinho sofreu uma cirurgia no cérebro que o impediu de sonhar, e pouco tempo depois ele faleceu – não por coincidência; portanto, parafraseando Chico Buarque, deixe o felino sonhar em paz. E o canino também.
E com o quê os cães sonham? Ora, muito simples: com todas as experiências que eles vivem no dia a dia, seja comer, perseguir gatos ou correr com o dono pela grama.
Como os cães sonham
Além de os cães também sonharem, o sono deles é semelhante ao dos humanos. Eles também passam pelos três estágios de vigília, ciclos de onda lenta (SWS em inglês), ou seja, sono leve, e de movimento rápido dos olhos (o famoso REM), sendo este último estágio o de sono mais profundo e quando ocorrem os sonhos – é aí que o peludo começa a correr e se agitar. A diferença básica é que o ciclo de sonhos dos cães costuma ser mais rápido; eles têm REM aproximadamente a cada 25 minutos, em média, e os humanos a cada hora e meia.
Duas curiosidades reveladas pelos testes. Quanto maior o porte do peludo, menos ele sonha; por exemplo, segundo o psicólogo Stanley Coren (autor de livros como “How Dogs Think: Understanding the Canine Mind”), um cão pequeno sonha a cada dez minutos, e cada “filminho” não chega a um minuto, ao passo que mastifes e Dogues Alemães têm sonhos de cinco minutos a cada três quartos de hora. E filhotinhos e velhotinhos sonham mais que cães na idade intermediária.
E não se engane com as aparências: se o cão estiver “enrolado” sobre si mesmo como um caracol ou de barriga para cima, isso não significa que ele esteja dormindo pesado; pelo contrário, ele ainda está tenso (inclusive a barriga para cima indica que está muito calor e o peludo dorme assim por ser menos peludo na barriga), e só vai entrar na fase REM quando estiver totalmente relaxado.
Busca de tranquilidade é outro motivo pelo qual cães dormem encostadinhos em outros cães ou pessoas, a cuja “matilha” eles querem pertencer. Por falar em tranquilidade, há poucas coisas mais perigosas que acordar um cão no estágio REM do sono; dificilmente ele pensará duas vezes antes de atacar quem ousou interromper seu sonho. Não é preciso ser genial como Coren ou Lispector para perceber que cães sonham. E vale repetir Chico Buarque: deixe o canino sonhar em paz!
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