Estranhos rituais de passagem

Hoje eu completo três anos, ai a minha Mãe decidiu que iríamos comprar os meus presentes. Eu ingênuo quando vi a guia pulei de alegria, e pensei: "oba, parquinho! Arvores, xixi!", quando ela me disse: "Bebe, hoje você completa três aninhos. A Vovó te deu de presente duas toalhas, o Papai quer te dar um cabo de guerra, e eu vou te dar um mordedor, e você vai escolher na loja!". Foi então que a vaca foi pro brejo, nada de parquinho...

Final da primeira parte do macabro ritual - Conclusão: não se iluda com tudo o que vê, nem sempre uma guia representa parquinho.

Chegamos a loja do outro lado da rua, mas primeiro a Mamãe ajudou um senhor cego a atravessar a rua, e depois perdeu a carteira com os cartões de crédito, encontrou depois de alguns segundos de suspense na calçada, e é óbvio que eu estava puxando a guia para o outro lado, pois eu queria ir para o parquinho. Foi um pouco dramático .

Final da segunda parte do macabro ritual - Conclusão: não adianta resistir, quando eles são os seus Pais.

Dentro da loja havia um típico Chihuahua, ou melhor, um protótipo de cão-chaveiro abusado e neurótico que tremia e não parava de latir de forma esganiçada e irritante como se fosse o dono do mundo. Decidimos não entrar até que o chaveiro com complexo de inferioridade saísse, mas pra nossa falta de sorte ao sair da loja, a (ir)responsável do que se acha mestiço de Malamute, com Boxer, Doberman, Dinamarquês e Rottweiler resolveu falar com a minha Mãe, ai o louco se soltou da coleira e partiu pra cima de mim. A minha Mãe não pensou duas vezes, se jogou na frente, e me puxou para cima com um braço só pelo peitoral. E entramos correndo na loja. A dona da loja ficou horrorizada com o que viu, e qdo soube que era o meu aniversário, e o motivo de estarmos ali, a compra dos meu presentes, me deu dois ovinhos de chocolates caninos para acalmar, mas quem tava quase enfartando era a Mamãe. A dona da loja que viu tudo disse que a Mamãe correu o risco de ser mordida, mas a Mamãe falou antes ela do que o seu bebê, que sou eu, é claro!

Final da terceira parte do macabro ritual - Conclusão: não adianta correr, independente da idade no final são os nossos Pais que nos acolhem nos braços.