quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Cuidado para não envenenar seu cão
Por Ayrton Mugnaini Jr. | Vida de Cão – 31/10/2012 - 21 horas atrás
"O que eu como a prato pleno/bem pode ser o seu veneno." Estes versos de uma canção de Tio Raul me parecem adequados, e até mesmo sob medida, para começar esta preleção sobre o que nossos peludos não devem comer.
Realmente, um banquete para uma pessoa pode ser um perigo para o cachorro. Por mais afinidades que tenhamos com os cães, ambos mamíferos e grandes amigos, há diferenças suficientes nos organismos de um e de outro para, de fato, existirem alimentos que fazem muito bem para os humanos, mas que podem ser
fatais para os caninos. Resistir àquele olhar pidão de quem parece não comer há meses é difícil, mas é necessário.
Aqui vai, portanto, uma listinha que deverá ser útil para quem, por necessidade ou costume, serve aos cães comida mais apropriada para humanos.
Bom pra nós e ruim pra eles
O abacate é uma maravilha para abaixar o colesterol e a pressão arterial, reduzindo diabetes e risco de tromboses e AVCs. Mas, parafraseando aquele comercial de inseticida, abacate é bom para os humanos. Para os humanos. Pois o abacate contém persina, uma toxina fungicida inofensiva para pessoas, mas
prejudicial para o estômago e coração de cães, gatos, pássaros e roedores.
A única queixa que pessoas podem ter da charmosa dupla alho e cebola é o odor fácil até de se "escutar" a metros de distância. No mais, o alho é notório "antibiótico natural", ajudando a combater vermes intestinais e pressão alta, e a cebola é um excelente tempero. Mas cães e gatos que ingerirem esta dupla e seus primos, como cebolinha e alho porró, estão sujeitos a brigas feias com os glóbulos vermelhos do sangue que podem resultar em anemia, devido à presença de tiosulfato, intolerado pelo organismo dos peludos. Mesmo que estes comam alho e cebola aos pouquinhos, o efeito pode ser cumulativo e aparecer mais tarde. (Isto inclui papinhas para crianças, que costumam incluir cebola em pó!)
Frutas cítricas podem causar vômito e diarréia nos bichos. Leite pode desarranjar o estômago de cães e gatos adultos que não toleram lactose. O pão pode ser o "rei dos alimentos", mas, especialmente se for de centeio, tem a possibilidade de fermentar no estômago dos cães, fabricando gases em excesso, incomodando o sistema digestivo, e até mesmo produzindo álcool do cereal, intoxicando e até envenenando o cão. Isto vale também para aquela fatia de pizza que sobrou. E a solamina presente na batata, mandioquinha e inhame, além de atacar a digestão, pode deprimir o sistema nervoso central do bicho.
Cuidado com a gangue das charmosas prunasianas. Ameixas, passas, pêssegos, sementes de maçã e talos de cerejas contêm cianida, que em grandes quantidades podem intoxicar o peludo. E a turma das nozes, inclusive a macadâmia, pode prejudicar os músculos, nervos, digestão e respiração dos cãe.
Guloseimas perigosas
Chocolate é o vilão número um devido à teobromina, substância tóxica e até fatal para cães. Café, chá preto e cafeína em geral também não são nada recomendáveis. Álcool? Eu conheci muita gente boa que repartia cerveja com os peludos sem saber que um golinho pode até não fazer mal, mas cães costumam ter menor porte que nós e o que para nós é "um golinho" pode até resultar num porre para eles, e álcool em excesso, tal como para os humanos, pode levar ao coma e até à morte.
Refrigerantes nem merecem mais que estas oito palavras.
Doces em geral, incluindo chicletes, já são coisa cheia de contra-indicações, especialmente para cães, mais ainda se contiverem xilitol, substância adoçante que libera insulina, comprometendo a digestão dos caninos.
Nem para as pessoas
Cachorro até pode comer comida de gente, mas não tudo — e há coisas quem nem humanos deveriam comer. Eu gostaria que pelo menos desta vez as pessoas entendessem os riscos da alimentação com excesso de açúcar, sódio, gorduras e aditivos para colorir e adoçar; frituras, sanduíches, sorvete, doces, tranqueiras em geral, inclusive para os cães. Precisamos reverter a situação atual em que metade da população mundial está obesa e o contingente canino não está muito atrás, com tudo de mal que isso acarreta: problemas digestivos e circulatórios, anemia, desidratação...
Se o cão apresentar sintomas de intoxicação ou envenenamento como vômitos, diarréia, prostração, inquietação ou sangue nas fezes, procure identificar o que ele comeu que pode ter lhe feito mal e corra com o cão ao veterinário; o tratamento poderá incluir provocação de vômitos, lavagem estomacal, re-hidratação, medicação adequada para cada caso e até transfusão de sangue.
E, já que comecei citando Raul, terminarei citando "Conspurcália", pérola obscura do Língua de Trapo, que vale para nós e nossos filhotes humanos e caninos: "Corantes, acidulantes/gases, aromatizantes/mamãe prepara a merenda com muito carinho/e assim ela encomenda a gastrite do filhinho [...] esse maldito regime microbiótico..."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário